Certa vez, estava eu fazendo uma palestra sobre carreira, para uma plateia considerável, cerca de umas 300 pessoas, quando um rapaz jovem, de seus 20 e poucos anos, pediu o microfone para fazer uma pergunta e disse: “não (pausa), é porque uma vez eu tomei um feedback, e blá, blá blá”.
Seu corpo se encolheu, como se literalmente tivesse levado um soco no pulmão, uma voadora! Confesso que parei de prestar atenção no que ele falava, e tive que recorrer ao:
“não entendi, você poderia por gentileza repetir”.
E ele novamente começou: “é que uma vez eu tomei um feedback de um chefe…” e mais uma vez seu corpo se curvou. O motivo era um relatório não entregue no padrão desejado, e o que o jovem queria era que eu dissesse se ele foi ou não injustiçado.
Eu só consegui responder que definitivamente aquilo havia sido muito marcante e com certeza tinha deixado uma sensação muito ruim, e que no mais, seria muito complicado alguma avaliação, um julgamento, uma opinião.
Você sabe qual é o impacto das suas ações?
Desde lá me pergunto: será que de fato, as pessoas tem a dimensão do impacto de suas ações sobre os outros? Até quando em nome de uma máscara profissional, que finge separar a vida em dois mundos (o pessoal e o do trabalho), certas coisas podem ser ditas?
Não é necessário ser nenhum gênio da humanidade, ou ter formação específica, para entender que o feedback é um processo traumático para esse rapaz, afinal ele não recebeu, ele tomou um feedback! Muitos dizem que o feedback é um presente. Mas na boa, pra ele foi um presente de grego!
De todos os temas que passam a fazer parte da vida do gestor, quando ele ganha essa atribuição, esse é sem dúvida o mais espinhoso. Vi poucos gestores fazendo cursos de como selecionar.
Menos ainda é o número daqueles que se preocupam em aprender como demitir. Mas feedback, ah esse é campeão! Conheci um que já havia feito 18 cursos de como dar feedback…
O básico todo mundo sabe: elogio é em público, crítica só a dois. Planeje o feedback, leve anotações, isso sem esquecer do famoso método sanduiche: comece pelo positivo, vá para o negativo e volte para o positivo.
Mas por que então isso é tão difícil?
A resposta é muito simples: porque o ser humano é singular e muito complexo para que a questão se resolva com um único método. Se esta fórmula existisse, eu venderia por 1 centavo e ficaria milionária!
Mais eficaz é assumir que o melhor método é aquele que é bom para você, entendendo que este é um processo, que não se esgota com uma conversa, e que, principalmente, ele tem que ser bom para os dois lados: para quem dá e para quem recebe.
Este só será útil se as partes entenderem que esta é uma via de mão dupla, onde ambos os lados tem que estar dispostos a ouvir e a mudar. Se este é um processo genuíno, os dois lados aprendem com o feedback. Ter uma conversa difícil, com tom amigável, e que ainda por cima pareça justa, beira o inexequível. Mas dá sim, insista! Somente a prática é capaz de fazer dessa a ferramenta mais eficaz de desenvolvimento do indivíduo.
A experiência me faz afirmar, que o custo da não conversa, é sempre muito maior do que o da pior conversa que possamos endereçar. Seja verdadeiramente respeitoso com o outro e consciente do impacto das suas ações, assim o outro recebe, ao invés de tomar um feedback! Continue acompanhando o meu conteúdo pelo Facebook e mande suas sugestões e dicas aqui.