Quem recebe feedback geralmente reclama tanto, que acho que passa batido o quanto é difícil dar feedback. Aparentemente, nossa latinidade faz de nós seres mais relacionais. No Brasil, somos ainda mais adeptos ao calor humano… Nesse contexto, imagina o que é falar algo que pode abalar a relação? Onde se corre o risco de não ser mais querido, de não ser gostado.
Você também já parou pra pensar que você não é tão divino a ponto de fazer com que alguém acorde todo dia com o único e claro propósito de te sacanear? Nessa altura do texto alguns devem estar falando para si mesmos: isso é porque ela não conhece fulano… Na boa, se você pensa que você é tão importante a ponto de fazer alguém orientar a vida em sua direção, só pra te espezinhar, é melhor parar de ler esse texto agora e procurar uma terapia. Seu ego está muito inflado.
Tão importante quanto saber dar um feedback, é saber recebê-lo
A grande encrenca é que, por conta da dificuldade de endereçar a conversa difícil, o feedback é em grande parte procrastinado, empurrado com a barriga por parte de quem vai endereçá-lo. Por outro lado, quem vai receber não espera ouvir um feedback e sim um elogio. Isso porque ninguém falou que as coisas não estavam correndo bem. Como é que depois de tanto tempo aquilo que estava sendo feito rotineiramente era um problema?
Por essas e por outras é que, infelizmente, algumas pessoas identificam o feedback como uma crítica pessoal, e não como um processo de desenvolvimento.
Feedback é sobre a percepção do que você comunica ao outro. Você pode não ter tido a intenção, mas há algo na sua forma que faz com que o outro tenha essa percepção. Por isso que, muitas vezes, ao ouvir o feedback, nos assustamos, pois comparamos o que está sendo dito com a nossa intenção e não com o impacto da nossa ação no meio no qual estamos inseridos.
Por isso, do mesmo modo que o feedback tem preparo para quem fornece, ele também exige preparação para quem recebe. Vamos lá para algumas dicas:
#dica1
Ouça atentamente o que está sendo dito. Mas, ouça verdadeiramente. Cale o diabinho que mora na sua cabeça e que diante de alguma contrariedade já começa a contra argumentar. É muito comum ouvirmos ao diabinho e não ao nosso interlocutor. Discutimos mentalmente, ficamos na defensiva e não ouvimos de fato. Se for preciso, tome notas para não se perder, mas acompanhe o raciocínio do outro. Não julgue! Aproveite para entender como suas atitudes estão sendo interpretadas. Somente assim você poderá expandir seu autoconhecimento. Cuidado com sua postura. Postura defensiva inibe ou mesmo irrita o outro, impedindo-o de falar.
#dica2
Depois de ouvir atentamente, verifique se o que você entendeu é o que o outro realmente quis dizer. Certifique-se de que você compreendeu o impacto de suas atitudes. Se for o caso, peça exemplos; dados e fatos são uma ótima ferramenta para ajudar na compreensão. Pergunte à vontade, o importante é realmente compreender.
#dica3
E, finalmente, reflita. Pense como esse feedback se aplica a você. Reconheça o ponto de vista da outra pessoa. A gente só muda o que reconhece. Trace um plano de ação do que você irá fazer a partir dessa escuta. Que ações você poderá empreender no dia a dia para aprimorar seu comportamento? Lembre-se, 70% do que aprendemos, aprendemos fazendo. E aí é só ter foco e disciplina para colocar o plano em ação, para percorrer outro caminho e, desta forma, crescer e se aprimorar.